O melhor programa para quem goza de um feriado durante o verão, é uma ida à praia e chegar bem cedo, quando o sol ainda está fraco. Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três malas térmicas, cinco guarda-sóis, raquete, frango, toalha, bola, balde, chapéu, acreditando que estão de férias. Em menos de cinquenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos para enterrar alguém na areia. E as crianças? Ah, que lindinhas! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas brigando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo MP3 enquanto dormem. As mulheres também têm muita diversão na praia, como caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo do filho. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia para fincar o cabo do guarda-sol. É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé. Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar! Aquela água tão cristalina, que dá para ver os cardumes de latas e garrafas de cerveja no fundo. Depois de um belo banho de mar, vem àquela vontade de fritar na areia. A gente abre a esteira velha, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco tranquilo. Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!
Mas, claro, tudo tem seu lado bom.
E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta para casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa,desde creme de barbear até desinfectante de sanita. Aí, uma bela spaguetada para entupir o bucho. O dia termina com uma boa rodada de bisca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado, babando na fronha e torcendo, para que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno ...
Luiz Fernando Verissimo
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